15 novembro 2016

CRÔNICA | As muitas facetas de uma professora (30 mil visualizações no Facebook)



Baseado nas conversas da sala dos professores...

Era uma vez uma professora. Mas ela não era só professora, embora muitas vezes fosse vista apenas como professora. Ela era jovem, tinha sonhos, ideais, uma vida.
Ela também era filha e como tal tinha que lidar com os conflitos familiares dia após dia. Era cobrada, exigiam-lhe carinho, atenção, respeito, motivos para se orgulharem, cuidado. Mas pouco recebia em troca. Os abraços, beijos, palavras de apoio compreensão eram raras.Os problemas eram muitos. Às vezes ela ia para a escola pesando nisso.
Ela era irmã e como tal participava das dificuldades, erros, necessidades de seus irmãos. Sofria. Não sabia como ajudar. Temia pelo futuro deles. Às vezes ia para a escola pensando nisso.
Ela era esposa, mãe e dona de casa e como tal tinha que lavar, passar, cozinhar, cuidar dos filhos, ser linda, vigorosa e dar atenção ao marido. Ele, nem sempre atendia às suas expectativas, retribuía com palavras ásperas, ouvidos fechados, olhares desprezíveis. Seus filhos a faziam de empregada: "pega isso", "faz aquilo", "preciso de dinheiro". Ela os amava incondicionalmente e fazia tudo o que podia, mas nem sempre era reconhecida. Às vezes ia para a escola pensando nisso.
Ela era estudante, mas não conseguia aplicar as teorias. Não podia ler o que queria, não podia escrever o que pensava. Às vezes ia para a escola refletindo sobre isso.
Enfim, ela era professora. E agora se encontra na escola. Ela não gosta do que vê: muros altos, grades, cadeados, sujeira. Ela se angustia, não sabe o que fazer. Ela planeja mas não consegue executar. Ela tem 30 alunos, mas é uma só. Eles são diferentes, ela não sabe lidar. Eles têm dificuldades, ela não dá conta de superar. Ela é cobrada, mas nunca recebe ajuda. Ela chama a família, que se exime de sua responsabilidade. Ela chama a diretora, que aciona o Conselho Tutelar, mas se depara com a fila.
O ano acabou, os problemas não foram resolvidos, ela fez o melhor que pôde, mas não se conforma. Ela assume toda a culpa e vai para casa pensando nisso!

Míriam Navarro, 17/9/2015

3 comentários:

  1. Tu relato tiene un trasfondo en el cual se visualiza un análisis y critica de la vida cotidiana. Esta teoría que recorre ciertos orígenes y fundamentos de Psicología Social con el arte, la literatura y el surrealismo, entre otras vertientes, me recuerda a Enrique Pichòn Riviere y al escritor Roberto Arlt, ambos amigos, y tambièn al conde de Lautrèmont con sus Cantos de Maldoror; quiero decir que, el Anàlisis y la Crìtica de la Vida Cotidiana, enfoca la problemàtica del ser humano comùn situàndolo en el aquì y en el ahora de su existencia. Me ha gustado mucho tu narraciòn que, ademàs, resulta bonita y agradable a pesar del trasfondo de melancolìa y exigencia y preocupaciones por los hermanos y el trabajo de profesora. Quien escribe esto tambièn es un profesor del nivel universitario, y reconocì en los contenidos que nos "cuentas" esa realidad que vivimos los maestros, los profesores y, en general, los docentes: la cotidianeidad de nuestra tarea. Muchas gracias por este espacio de reflexiòn. Atentamente, prof. O. Gonzàlez,(Buenos Aires, Argentina).

    ResponderExcluir
  2. Felicitaciones Sra.Miriam, me ha gustado mucho este espacio porque es usted muy amable y los comentarios resultan agradables.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prof. O. Gonzàlez, muito obrigada pela análise do texto e indicações de leitura! Suas contribuições serão sempre bem-vindas!

      Excluir

O que achou deste post? Deixe um recadinho para mim!