31 março 2017

Como ajudar seu filho na escola?


Resumo do livro "Como ajudar seu filho na escola", elaborado por mim nos tempos da graduação em Pedagogia. Não tenho a referência completa, mas achei importante compartilhar, pois contém dicas preciosas aos pais que desejam contribuir para o desenvolvimento e aprendizado de seus filhos, além de ser um material bastante relevante para ser utilizado na reunião de pais e mestres. Míriam Navarro


Apresentação

Este livro originou-se de um trabalho psicopedagógico que vem sendo desenvolvido no Serviço de Psicologia Infantil – Setor de Psicopedagogia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Reconhecendo a difícil situação por que passam as crianças com dificuldades escolares e seus pais, este livro reuni algumas anotações decorrentes da convivência com famílias que enfrentaram este problema, com a esperança de contribuir para a superação do mesmo. 

Introdução 

O nascimento de uma criança sempre traz sentimentos de alegria, esperança e renovação para a maioria das famílias e também inúmeras preocupações, dentre elas a educação. Na medida em que a criança cresce, a família vai orientando suas aprendizagens e comportamentos, com a expectativa que seu desenvolvimento seja normal e saudável.
Quando a criança atinge a idade escolar, os pais esperam que ela aprenda a ler, a escrever, a fazer cálculos. Quando a criança apresenta rendimento escolar compatível com a idade e a série em que se encontra, a tarefa dos pais torna-se mais tranquila, porém quando a criança apresenta dificuldades de aprendizagem, a situação se torna preocupante.
Os pais passam por sentimentos de dúvida, conflito e irritação, questionando-se com perguntas do tipo: Por que será que meu filho não está aprendendo? Será que ele está doente? Será que preciso obrigá-lo a estudar mais?
Estes pensam meios para ajudá-los, mas sentem-se impotentes e culpados pois, por mais que mandem a criança estudar a situação pouco se modifica. O que fazer agora?

Capítulo I: A organização e a rotina da família.

O que é organizar?
Organizar é arrumar, é colocar cada coisa no seu lugar, é ter um lugar para guardar os objetos, é separar aquilo que é mais importante daquilo que não precisamos tanto. Como nem sempre podemos fazer muitas coisas ao mesmo tempo, precisamos dar prioridade ao que é mais importante.

O que é rotina?
Aqui não estamos falando da rotina como sinônimo de monotonia, mas como um modo de fazer “render” nosso tempo.
Precisamos da rotina para organizar melhor nossa vida e nossas atividades do dia-a-dia. Procurar deixar tudo no lugar: as roupas, os alimentos, os utensílios domésticos, o matreial escolar das crianças, colocar no lugar combinado as roupas que as crianças vão vestir no dia seguinte; ajudar as crianças a arrumar o material escolar que vão precisar no dia seguinte. Tudo isso faz parte de uma rotina, que vai tornar as coisas mais fáceis e nos ajudará a ganhar tempo.

Organização e aprendizagem
Mas o que a organização e a rotina da família têm em comum com a aprendizagem da criança na escola?Há pelo menos dois pontos em comum:
Nosso principal problema é o tempo escasso. Faz com que deixemos de realizar tarefas que consideramos importantes. Dessa forma, vamos ensinar a criança a se organizar, o que é muito importante para as atividades escolares. Na escola a criança precisa trabalhar de forma organizada, há um tempo determinado para cada atividade. A criança que não aprendeu a se organizar em casa pode embaraçar-se quando tiver que cumprir as atividade propostas na classe, consequentemente pode apresentar dificuldade no aprendizado.
É comum ouvir queixas das professoras a respeito do atraso nas lições de classe ou de distrações que dificultam a realização das atividades propostas.

Ensinando a criança a se organizar
De que forma podemos ensinar a criança a se organizar em casa?
É importante ter em casa lugares determinados onde se possa guardar separadamente as roupas e os objetos de cada pessoa da família. A criança deve participar da organização, deve arrumar seus brinquedos, roupas e material escolar. Ela só vai fazer isso se for ensinada. A criança vai perceber que, guardando seus objetos no devido lugar e mantendo-os arrumados, vai ter mais facilidade para encontrá-los quando precisar, assim economizará tempo na realização de tarefas. Por exemplo, se o dever de casa for o recorte de palavras em jornais e revistas, a tarefa será mais fácil se esses jornais e revistas estiverem disponíveis. Estudos mostram que a organização influi até no humor das pessoas, ou seja, pessoas que vivem em ambientes onde há ordem são mais bem humorados, pois ocorrem menos atritos entre os familiares. Vamos ensinar a criança a ser responsável por alguma tarefa doméstica, como arrumar sua cama ou lavar seus calçados. As tarefas que devem condizer com a idade da criança e devem ser exercidas de forma regular. Pode ocorrer a resistência, mas aos poucos, fazendo junto com a criança, ensinando com paciência, demonstrando como se faz, ela adquirirá o hábito. No caso de vários irmãos, as tarefas domésticas devem ser distribuídas racionalmente.

Benefícios da participação doméstica
Economia de tempo, diminuição dos atritos entre familiares, melhoria nos recursos da criança para se organizar, são alguns benefícios que a participação doméstica traz. Além disso a organização em casa ajuda na organização de pensamento da criança, necessária na aprendizagem escolar. Por exemplo na elaboração de um texto, ela necessita organizar suas idéias para dar sentido àquilo que está escrevendo. A organização opera de fora para dentro, assim a criança organizada em casa, vai ter menos dificuldades para aprender. 

Rotina e organização 
A rotina nos horários é de suma importância: hora pra comer, hora pra dormir, etc. A escola também tem hora certa para começar e terminar. Criança atrasada perde a aula. Em casa é importante que a família tenha horários para as atividades essenciais, e a criança deve ser informada deles. A participação da criança nessas atividades a ajudará a assimilar noções de tempo (agora, antes, depois). Esse recurso é essencial na aprendizagem escolar, assim as principais atividades da criança devem ser realizadas dentro de horários adequados. Por exemplo, o horário de dormir, a criança deve deitar-se em um horário que lhe permita dormir, no mínimo oito horas por noite para estar disposta no dia seguinte.

Horário de levantar-se
Os pais devem explicar à criança que levantar cedo é um hábito saudável para todas as pessoas. A mãe deve acordá-la em um horário que seja suficiente para que ela faça sua higiene pessoal, para se vestir, tomar café e chegar sem atraso à escola, quando isso não acontece a criança fica de mau humor e indisposta, prejudicando seu rendimento escola. Mesmo estudando no período da tarde, é importante a criança ter horário para deixar a cama, a fim de que ela possa se levantar com disposição e tempo para fazer a lição de casa e as demais atividade, os outros membros da família devem fazer parte dessa rotina para que a criança se sinta motivada.

Horário das refeições
O ideal seria estabelecer horários fixos para as refeições, em que todos os membros da família pudessem estar presentes, mas mesmo que isso não seja possível, é importante que haja um lugar adequado e horário fixo para as refeições, de preferência ao redor da mesa e não em frente à televisão.

Horário para fazer as lições
A criança necessita de um horário para fazer as lições de casa. A lição de casa é um recurso que ajuda a complementar o que a criança aprendeu na escola, além de oferecer um treinamento de independência na aprendizagem e possibilitar o exercício da responsabilidade. O dever escolar deve ter prioridade: “Primeiro o dever, depois o lazer”. Essa tarefa deve ter horário e local determinados. Não é indicado fazer a tarefa à noite, pois além da fadiga acumulada do dia, a criança tem a televisão, as brincadeiras e outros acontecimentos que acabam desviando sua atenção. O local pode ser seu quarto ou qualquer lugar da casa onde não haja barulho e que tenha uma mesa para que a criança possa colocar seu material e escrever sem problemas. Quando há mais de uma criança fazendo a tarefa, não há problemas em dividirem a mesma mesa, mas o ideal é que estejam separados nesta hora para evitar possíveis desavenças.

Capítulo II: Apoio à criança nas atividades escolares 

Dar apoio e oferecer ajuda
Os pais precisam dar apoio e oferecer ajuda à criança durante toda a vida escolar. Essa ajuda é muito importante e necessária. Tanto o pai como a mãe podem ficar com essa tarefa, e o ideal seria que ela estivesse a cargo de todos. É importante definir claramente para a criança quem é a pessoa que vai desempenhar tal papel, pois quando surgirem dúvidas, ela se sentirá segura para procurar ajuda, quem se dispuser a ajudar, precisa estar sempre interessado e envolvido com a aprendizagem da criança. Os pais precisam estar cientes das dificuldades encontradas pela criança ao chegar à escola, não só no aprendizado, mas também na relação com outras pessoas. Dessa forma a ajuda dos pais se torna um ponto importante para que ela alcance bons resultados escolares. 

Conhecer a escola
Para uma ajuda eficiente é muito importante que os pais conheçam a escola onde seu filho estuda: onde fica, como é o espaço físico, os horários, quem é a professora, a diretora, a orientadora pedagógica. O conhecimento acerca do funcionamento da escola irá ajudar os pais no momento de resolver problemas relacionados a ela.

Contato com a escola
O contato com a escola faz parte dessa ajuda. Os pais têm que tomar conhecimento das normas da escola e a elas se ajustarem. Há diversas situações em que esse contato se faz necessário, por exemplo: Quando a mãe percebe que seu filho está com dificuldade de aprender; Quando a criança chegar se queixando de algo como uma briga no recreio ou maus tratos da professora, a mãe deve procurar a escola para esclarecer os fatos e para demonstrar que os pais estão atentos ao que acontece com o filho na escola; Quando a criança traz um bilhete pedindo o comparecimento dos pais à escola; Quando há uma reunião bimestral, os pais devem comparecer, pois isso demonstra sua participação no aprendizado dos filhos, além de manter uma relação de cordialidade com a professora, que traz muitos benefícios à criança.

“Dicas” para os contatos com a escola 
Quando a mãe precisa ir à escola resolver um problema, é necessário que ela esteja calma, reflita, pense sobre o que aconteceu e no que vai falar; Nunca ir para a escola antecipando um julgamento ou pensando que a professora não gosta do seu filho, por outro lado, a mãe também não pode tomar as dores da professora e ajudá-la a criticar a criança. O melhor a fazer é ouvir primeiro a professora esclarecer os fatos para depois se pronunciar fazendo as perguntas que deseja de forma clara, deixando para tomar atitudes e providências em casa; Depois da reunião é importante conversar com a criança acerca do que foi tratado. 

Queixas por dificuldades de aprendizagem
Por pior que tenha sido a reunião, procure não se irritar, ameaçar ou bater na criança. Dessa forma não se resolve o problema, pois se a criança não vai bem na escola, isso não é proposital, ela está precisando de ajuda. Nosso dever é ajudá-la e não castigá-la. Procure iniciar a conversa dizendo algo de positivo que foi ouvido na escola ou que você tem observado , a fim de incentivar a criança, para depois explicar em que aspectos ela precisa melhorar.

Queixas sobre comportamento
A questão tem que ser analisada de forma diferente, principalmente se houver queixas de desrespeito relacionados à professora, aos colegas, aos funcionários da escola ou mesmo de não-respeito ao patrimônio da escola. Diante disso, é preciso que os pais sejam enérgicos. Devem conversar com a criança ensinando-a a respeitar as pessoas e a escola, deixando claro as conseqüências do não-cumprimento das normas estabelecidas. Se a criança já tinha sido advertida e reincidiu na falta, devemos cumprir o combinado, aplicando o corretivo. No caso de queixas sobre a não realização das tarefas, é preciso analisar o motivo que levou a criança a não realizá-las.

Participação nos eventos escolares
Sempre que a escola promover festas comemorativas ou para angariar fundos destinados à compra de algum recurso, é importante que a família participe, pois quanto mais participar das atividades escolares, mais vai poder exigir que a escola dê atenção a seu filho. Ë necessário o envolvimento dos pais com a escola para que a criança perceba o valor que eles dão ao estudo e à própria escola, quando os pais se distanciam, a criança entende que eles não gostam da escola, o que acaba influenciando sua atitudes. 

“Como foi seu dia hoje?” 
A participação dos pais na escola é importante, mas por si só não é suficiente. O apoio tem que ser dado também em casa, de forma ativa e contínua. Mostrar interesse pelas atividades da criança quando ela volta para casa é um bom exemplo de apoio, mas sem bombardeá-la com perguntas, o ideal é criar oportunidades para que ela mesma fale sobre suas atividades escolares. A valorização do esforço faz com que ela se sinta apoiada pelos pais, ao contrário, fazer críticas ou ficar irritado por um baixo rendimento escolar, sempre tem um efeito negativo.  Afirmações como “você é burro mesmo”, “se você errar novamente eu vou te bater”, podem provocar sensações de baixa auto-estima e incapacidade para as realizações escolares. Temos que compreender e incentivá-la, dessa forma a criança vai se sentir segura e enfrentará as dificuldades com mais esforço, podendo obter mais sucesso. 

Promessas ou ameaças de castigo
Promessas de presentes ou ameaças de castigo devem ser evitados, pois podem trazer diversos efeitos negativos. O interesse na recompensa e o medo do castigo enfraquecem o interesse genuíno da criança em aprender, diminuem sua curiosidade natural e corroem seu senso de responsabilidade perante a escola. A criança precisa perceber que o estudo é importante, que é um encargo seu. Essa situação, para muitas crianças, pode se tornar estressante, o que acaba prejudicando ainda mais seu rendimento na escola.

Como ajudar o filho nas lições de casa?
O ideal é perguntar diariamente sobre as tarefas, lembrando acerca do horário e do local onde deve fazê-las. A tarefa de casa é uma responsabilidade da criança, por isso, esta deve fazê-la sozinha. A correção da tarefa é função da professora, na escola, a participação da mãe na tarefa está mais relacionada aos incentivos, ao encorajamento oferecido à criança na hora de realizá-la. Outro fator que contribui para o bom desempenho é fazer com que a criança tenha sempre em dia seu material escolar, é importante comprar sem demora, os livros e cadernos pedidos pela escola, que devem ser prioridades no orçamento doméstico, verificar se a criança está levando esse material todos os dias, e orientá-la para tomar cuidado com o material.

Capítulo III: Incentivos para participar do ambiente 

O incentivo e o encorajamento necessários às atividades escolares, também são necessários nas atividades realizadas no ambiente familiar. A criança que participa dos acontecimentos em sua casa vai ficar mais informada, mais alerta e, consequentemente, mais motivada para outras aprendizagens. 
O lar é a primeira escola e os pais os primeiros professores, pois a criança aprende desde que nasce ou antes mesmo do seu nascimento. 

Crescendo e aprendendo
Quando a criança começa a crescer, ela vai aprendendo a dar conta de algumas de suas necessidades como: tomar banho, trocar de roupa; é quando algumas famílias acabam deixando de participar mais diretamente da aprendizagem da criança. Apesar de a criança fazer muitas coisas sozinha, ela ainda tem muito o que aprender. É muito importante continuar ensinando em várias situações.

Participação no lar, benefícios na escola
Quando a criança participa da vida familiar, adquire mais facilmente, habilidades que são necessárias para a aprendizagem escolar. Se a criança chegar na escola com algumas dessas habilidades desenvolvidas, ela terá menos dificuldades ao aprender a ler, a escrever, etc.

Leitura e comunicação
Um recurso importante para o aprendizado da leitura é a capacidade de comunicar as ideias através da linguagem. A criança precisa conhecer bem o meio em que vive, para ser capaz de expressar esse conhecimento na conversação, para depois ser capaz de escrever sobre tudo isso.

Noções de matemática
É importante que a criança adquira noções de quantidade, que saiba juntar, separar, classificar. Por exemplo, uma criança que aprende em casa os dias da semana, que ajuda nas compras, que reconhece dinheiro e sabe lidar com ele, que tem noção de dúzia, vai aprender com maior facilidade os conteúdos escolares, encontrando menos dificuldade para solucionar os problemas de matemática. 

Realizando experiências com os filhos
Não é necessário que a família desenvolva atividades difíceis. No dia-a-dia, podem ocorrer 
de maneira natural as mais variadas situações que a mãe e o pai podem aproveitar para fazer a criança participar. Na hora de arrumar a mesa para as refeições, a mãe pode pedir à criança que conte as pessoas que vão comer, quantos talheres e pratos serão necessários. Dessa forma a criança aprende a arrumar a mesa e também a fazer correspondências, uma noção muito importante na matemática.

Aprendizagem em todas as situações
Fazer um bolo, por exemplo, pode proporcionar várias aprendizagens: a origem da farinha, do leite, do ovo, a utilidade do fermento, etc. A participação diária da criança nas atividades familiares acompanhada de explicações esclarecedoras, irá fazer com que ela adquira noções de português, de matemática, ciências, geografia e história. No início, as crianças podem resistir, mas com insistência, conversa e paciência, todos passam a gostar. Somente quando a mãe se sentir calma e com disposição deve chamar a criança para praticar as atividades, se possível com a participação de outros membros da família.

Estímulo para a criança relatar suas experiências
A expressão de ideias a respeito dos acontecimentos é muito importante, pois na medida em que ela for expressando sua opinião, irá enriquecendo seu vocabulário e seu campo de interesse, melhorando, consequentemente, sua aprendizagem escolar. Portanto é fundamental que a criança participe dos diálogos, que dê sua opinião, que conte sobre os acontecimentos de sua vida. 

A família e a televisão
Quando a família reunida vê televisão, surgem oportunidades para conversar sobre assuntos ligados à programação e para promover troca de idéias entre a criança e seus pais, que devem orientá-la em relação ao que se deve ou não assistir. Por exemplo ao assistir uma cena de briga podemos aproveitar a oportunidade para discutir sobre a violência e seus aspectos. Quando a família se reune para assistir televisão, mas não há oportunidade para que a criança se manifeste, ela não estará participando. Provavelmente ela se restringirá a assistir à programação calada, e os pais perdem a oportunidade de estar conversando e ensinando com seus filhos.

Expressando ideias fora do ambiente doméstico
Também quando sai de casa, a criança deverá ser estimulada a expressar suas ideias, ser motivada a aprender. Quando a mãe sai de casa com a criança, por exemplo é importante que explique aonde irão, que ônibus irão tomar, onde fica o ponto. É interessante que a própria criança pague a passagem. Ao passar, por exemplo, em frente de uma fábrica, a mãe pode pedir que a criança leia o nome, além de falar sobre os produtos que ali são fabricados. Esse tipo de conversa vai ajudar a criança a adquirir noções essenciais para a leitura e a escrita. 

Fazendo compras e aprendendo
É muito importante a participação da criança nas compras do supermercado. Para isso a mãe pode pedir que a criança faça a lista das mercadorias a ser adquiridas: a mãe dita e a criança escreve. Se a criança ainda não sabe escrever, a mãe faz a lista na sua presença ou mostra a embalagem do produto para que ela copie o nome. A mãe e a criança também podem fazer juntas uma lista adicional, e a criança seria responsável pela compra dos produtos dessa lista. A mãe pode explicar sobre as marcas que costuma comprar, a quantidade, pode comparar preços, assim a criança adquirirá noções de preço e qualidade.

Aprendendo o valor do dinheiro
Compras no centro ou no shopping também deve ter participação da criança, principalmente se formos comprar algo para ela. Em casa, antes de sair, vamos informar à criança o que iremos comprar e quanto podemos gastar. A criança poderá escolher a roupa, sempre de acordo com o dinheiro disponível. Esse, porém é um exercício muito importante para a criança, pois irá estimulá-la a ter noção de preço, a fazer contas e a dar mais valor ao objeto adquirido. Através de suas experiências diárias, a criança passa a compreender a necessidade da leitura e da escrita na prática. Todos os dias, todas as horas são oportunidades para enriquecer o nosso mundo e o de nossas crianças.

Capítulo IV: Comunicação e relacionamento

Motivando a comunicação
O estímulo à comunicação pode ocorrer naturalmente, em casa, durante as atividades do dia-a-dia. Quando a criança é calada, os pais podem começar o diálogo abordando assuntos que são do interesse dela. Por exemplo, uma garotinha tímida, que tem interesse por animais de estimação, pode ter o seu próprio cãozinho, e os pais aproveitarão para ensiná-la quanto aos cuidados com o animal, podendo falar sobre outros animais, lerem revistas ou livros especializados no assunto. Há crianças que têm necessidade de contar um fato várias vezes e, quando isso ocorre, alguns pais perdem a paciência e logo vão cortando o assunto: “Mas você já falou isso!” É fundamental deixar que a própria criança coloque suas idéias, mesmo que de forma confusa. Nesse caso, devemos ajudá-la a organizar idéias, levando-a a falar de modo mais claro, para que, seja melhor entendida. Não se trata de corrigir abertamente o que a criança diz, mas sim de repetir corretamente o que ela acaba de falar.

Exposição clara das informações pelos pais
Os pais também devem procurar passar informações de forma clara, para que a criança possa entender e tenha um modelo de como se comunicar. Um ponto fundamental é aquele relacionado com as regras de conduta que desejamos passar para os nossos filhos. Muitas vezes a comunicação dos pais não deixa claro à criança o que eles esperam dela quanto ao modo de se comportar. É importante que os pais sejam claros quanto ao que é ou não é permitido. 

Relacionamento familiar
Quando a criança entra na escola a fim de aprender a ler e a escrever, além, de saber se comunicar, precisa também já ter a prendido a respeitar as pessoas, respeitar regras e normas sociais. Muitas crianças acabam tendo dificuldades escolares por apresentar problemas de comportamento em classe ou na hora do recreio. O respeito às pessoas e às normas escolares contribui para a aprendizagem escolar.

O respeito
O respeito às pessoas e às normas faz parte da nossa educação, o respeito é aprendido dentro de casa, através de exemplos de pais. Em um lar onde um acata a opinião do outro, onde as pessoas conversam sem gritar, onde um não pega um objeto do outro sem pedir, pode-se dizer que há respeito.  Nesse tipo de lar a criança vai aprender a não só a respeitar as pessoas, mas também as coisas que pertencem aos outros. Aquilo que a criança vive e aprende com a família é o que vai determinar seu comportamento fora de casa. Para que a criança aprenda a respeitar, ela também deve ser respeitada pelos adultos. São frequentes as situações em que o adulto considera sem importância tudo o criança diz, outras vezes são mães que mexem nos pertences do filho sem pedir permissão ou adultos que zombam quando a criança chora. Por outro lado, alguns pais ficam indiferentes quando a criança trapaceia no jogo ou mesmo pega algum objeto em lojas sem ser vista. 

Valorizando o esforço e encorajando a perfeição
Quando a criança se sair bem em alguma situação, como respeitar uma pessoa, é importante deixar claro para ela que seu comportamento foi adequado e que ficamos satisfeitos com isso. Tal expressão aproxima a criança dos pais. Quando a criança não conseguir realizar alguma tarefa, é preciso valorizá-la pelo esforço, dizendo que acredita nele, que continue se esforçando. Não podemos exigir perfeição logo que a criança inicia uma nova tarefa, ao contrário precisamos ajudá-la a conseguir melhores resultados, dando e exemplos e refazendo junto com ela quando necessário. 

Disciplina 
O que é disciplina? É um processo educacional, no qual a criança aprende a deixar de querer tudo na hora. O ideal na educação é combinar liberdade e encorajamento para se expressar e treino para aceitar limites. É preciso desenvolver o autocontrole que é uma condição básica para a adaptação à vida adulta. O autocontrole é aprendido e a criança irá adquiri-lo somente através de atitudes firmes, delicadas, razoáveis e consistentes dos pais.

Dizer não é querer o bem da criança
A criança precisa de limites para sentir-se segura, dizer não é uma forma de querer bem a criança, de mostrar preocupação e proteção, os limites impostos pelos pais vão fazer com que a criança seja disciplinada. 

A disciplina é o alicerce do autocontrole.
Corrigir ou punir? A criança precisa ser advertida em relação ao que fez de errado, com o objetivo de educar a criança, levando-a a agir com comportamento adequado a situação, portanto, ao educar, vamos substituir a noção de castigar pela de correção. Nesse processo é importante:
Dizer com clareza para a criança o que esperamos dela. Não é justo cobrar atitudes que não foram ensinadas; Evitar fazer promessas vinculadas ao bom comportamento ou a o cumprimento de deveres; Aplicar a correção logo que acontecer o comportamento inadequado, é inútil aplicá-la depois que passar muito tempo; Não prolongar muito a duração do corretivo; Verificar se o problema é proveniente do comportamento ou por falta de competência para o cumprimento de determinada ordem.

Incentivos ao estudo
Todo pai e toda mãe alimentam expectativas em relação ao estudo dos filhos: Alguns acreditam que seus filhos jamais terão dificuldades ou reprovações, outros não acreditam na capacidade de seus filhos, achando que eles sempre vão causar problemas na escola. Essa expectativa da família tem grande peso na vida escolar da criança, pois é em casa que ela adquire sua motivação para prender, e o incentivo dos pais varia segundo suas expectativas. Os pais que valorizam a escolaridade e apresentam expectativas positivas em relação a ela são aqueles que mais contribuem para a aprendizagem escolar da criança. Os pais são peças-chave no processo educacional dos filhos. São eles que dão a base para o desenvolvimento físico e afetivo-social da criança. Agindo conscientemente no sentido de orientar a aprendizagem, acompanhando passo a passo o desenvolvimento de seus filhos, os pais estarão contribuindo para que eles se tornem adultos mais preparados para a vida.

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