19 junho 2017

Sobre viver ou morrer


Querida amiga,
tens consciência da brevidade da vida? Até quando estarás imersa em lágrimas? Até quando continuará entorpecendo os sentidos para não enxergar ou sentir a realidade que a cerca?
Tão efêmera quanto a glória-da-manhã que desabrocha no início do dia e morre ao entardecer, intensa como o sol no esplendor do meio dia e melancólica como o crepúsculo, multifacetada e imprevísivel como as imagens geradas no interior do caleidoscópio, cruel como a seca, devastadora como um tufão, assim é a vida, o maior de todos os paradoxos.
 Viver ou morrer, eis a questão!
Pode-se estar vivo mas morto; e morto mas vivo. Explico! Uma pessoa pode ter os órgãos em pleno funcionamento, uma rotina, afazeres, obrigações, mas estar morta em sonhos, utopias, aspirações, ilusões, devaneios. Outra pode estar a sete palmos, consumido por vermes, não é mais que caveira inanimada, no entanto, sua história, feitos e legado, a mantém viva, inspirando livros, filmes, canções.
O que é melhor? Estar vivo mas morto ou morto mas vivo?
Como se sente, minha cara? Viva ou morta em vida?
A tumba do vivo é gélida, negra, solitária e silente. É confortável, pois protege dos conflitos, da luz que denuncia o seu lado obscuro, das intromissões, das cobranças, mentiras e frustrações. Por outro lado, é uma clausura que priva do amor, da alegria, das experiências, do aprendizado, da emoção, das paixões, da conquista, das cores, dos aromas, da partilha.
Diante de ti há dois caminhos, é hora de fazer uma escolha: desfrutar dos sabores e dissabores da vida ou entrar em tua tumba e esperar que ela passe diante de teus olhos.
Se escolher a segunda opção, só posso dizer: "adeus, descanse em paz!"

Míriam Navarro, saindo da depressão.
Inspirado em Hamlet - Shakespeare
Spoiler de um livro embrião.

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