Quantas pessoas já partiram deste mundo sem viver a própria vida, por estarem preocupadas demais com os outros?
Não me refiro àqueles que viveram de forma abnegada, dedicada a amar e servir ao próximo, mas àqueles que deixaram de fazer um monte de coisas para não magoar, contrariar ou irritar alguém.
Quantos de nós vivem assim hoje? Quanto tempo já foi desperdiçado em razão do que podemos despertar no outro?
O engraçado nisso tudo é não receber nada em troca, pelo contrário, ver a vida minguar pouco a pouco, e as coisas ao redor permanecerem como sempre foram.
Por exemplo, às vezes deixamos de compartilhar experiências de viagens para não fazermos os outros se sentirem inferiores. Não falamos sobre nossas conquistas para não despertarmos inveja. Não dividimos alegrias para não ter que justificar nossos momentos de tristeza, afinal, ninguém é feliz o tempo todo. Não falamos sobre o nosso crescimento pessoal para não frustrar quem nunca saiu do lugar. Não podemos falar sobre nossa prosperidade para não ofender quem está endividado.
Não falamos sobre nossas leituras para não sermos taxados de intelectuais arrogantes. Não podemos expressar nossas opiniões para não sermos julgados. Não podemos falar sobre a nossa fé para não sermos rotulados de fanáticos.
Não podemos falar sobre nossos planos pois podem dar errado e sermos envergonhados, afinal, ninguém vence o tempo todo. Não podemos voltar atrás para não sermos fracos. Não podemos pedir desculpas ou correremos o risco de sermos humilhados. Deixamos de ser sinceros para não ser deselegantes. Nos fazemos de tolos para não expor a ignorância de outros.
O interessante é que a maioria não exita nem um instante em falar sobre si, de suas mágoas, frustrações, se gabar de suas aquisições, reclamar do que não lhe agrada, falar o que pensa.
E assim a vida vai passando, cada vez mais deixamos de falar, realizar, vamos nos isolando, acostumando a engolir sapos, sofrer em silêncio, comemorar sozinho.
Ninguém sabe das decisões difíceis, dos sacrifícios, das dores, superações, só veem a si mesmos, pensam que o mundo gira ao redor deles e talvez estejam certos, enquanto assim vivermos.
Pouco a pouco, nossa luz vai se apagando, nossa alegria esvaindo, nossa voz se calando para não magoar a quem amamos.
Mas afinal o que ganhamos com isso? Uma vida sem graça, monótona, não vivida, desperdiçada, ingratidão.
09 dezembro 2018
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